Roberval Pereyr – Poema Selecionado
SONETO DO EGO E SEU FIM – Roberval Pereyr
Os abismos em torno de cintura,
as mãos magras de apalpar segredos.
Magras e marcadas – que há dúvidas
cravadas nas palmas e nos dedos.
São dúvidas vorazes que eu mesmo
amamentei às margens do mistérios.
E são tantas! E tanto já cresceram
que suas patas pesadas reverberam
nos elos desta voz: voz que eu (bêbado)
confundo com a minha no ego
– ser amalgamado, um olho cego,
traído e traidor, pesada cruz.
Hei de matá-lo, este fantasma vesgo,
enraizado no ser. Se morto: é luz.
( Roberval Pereyr )
(Do livro “110 poemas”. Salvador: Quarteto, 2013. p. 107 – contribuição de Laiane Teles, conferido novamente por mim também.)