Não se mate – Carlos Drummond de Andrade
Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, praquê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.
( Carlos Drummond de Andrade )
(Poema do livro Reunião – 10 livros de poesia. São Paulo: José Olympio, 1969. p. 26)
(Poema digitado e novamente conferido por mim mesmo , publicado em Antologia Poética – 12a edição – Rio de Janeiro: José Olympio, 1978, ps. 137 e 138)
Setembro Amarelo – A Magia da Poesia apoia esta ideia. Precisa conversar? Você pode ligar pro 188 ou acessar o site do CVV.
0 resposta
Esse poema de Drummond é incrível! Saludos!
Carlos Drummond de Andrade – Não se mate http://t.co/x2GLZ0Yx via @fabiorochapoeta
A poesia me acalma e me farta a alma…
DRUMMOND FALA COM MEU CORAÇÃO
nossa eu amei esses poemas me inspirou muito…gosto muito de poema!!!
Eu que agradeço pelo carinho, Tereza!
Mágico deleite para a alma. Parabéns!
Faltou esta poesia, que uma das mais lindas de Drummond:
Memória
Carlos Drummond de Andrade
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Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Oi, Raimundo, é lindo este poema, né? Tem na página do Drummond sim, aqui na Magia da Poesia…
Eu gosto muito de poesia que falar de amor e amizade