É assim… – Joice Berth
A vida deve caminhar por uma quantidade necessária de inconsequências,
E assim na realeza dos sentidos nenhum tormento será eficiente.
São tantas possibilidades metrificadas por beijos urgentes.
E dessas mesmas bocas quando as palavras na mais absoluta indolência
aglutinam o mel do momento ouvidos sedentos de carinhos
explodem na casualidade dos encontros.
E no instante em que a minha confusão encontra a sua lucidez
quem pode responder pelas nossas faltas?
O desejo nasceu…agora é tarde para renunciar a próxima vez.
( Joice Berth )
*
Ladainha
A mesma reza e meus excessos não se medem
Ao contrário das virtudes da conveniência: imensuráveis.
Quando todos oferecem o riso sincero, a leveza mete o pé na porta
A vida como uma obra expressionista,
Não permite conter afetos
Como numa cena de novela antiga, as verdades esperam beijos finais
Estive também esperando um sinal
No final dos tempos
A ventania inaudível da angustia
Meu tempo calou-se, de tanto eco que fez,
Não percebi tua partida
Ainda aprecio teu fel
Na ânsia de indeterminar tua subida
Da última vez que estivemos de frente
Eu, arrefecida pela tua verdade, estremeci.
Minha coragem expirou-se, criou asas!
Desculpe dizer, mas tua inocência é uma farsa
Do mesmo lugar de onde sai
Vou plantar minhas decadências
Com dúzias de crianças, vou sentar na terra.
Esperar brotar o que produz saudade
Dentro da minha insanidade
A alegria do teu irretocável retorno
Beirando o contorno do meu incrédulo sorriso.
( Joice Berth )
*
Aos desconhecidos
Até que lhe mate a sede
entrego-me a ti
Beba!
Até que lhe sacie a fome
entrego-me a ti:
Coma!
Até que lhe esgote a dúvida
entrego-me a ti:
Pergunta!
Até que lhe afague o medo
entrego-me a ti:
Abraça!
Até que lhe alivie a dor
Entrego-me a ti:
Absorva!
Até que lhe cale a excitação
entrego-me a ti:
Goza!
E depois?
Eeis que fico vazia
Vagando pelos lodos sombrios da minha intimidade
Me recompondo das injúrias do infinito
Dentro do teu caos ordenado
Porque, tão logo o dia desponte
Serei pura outra vez
Outra vez mulher
Outra vez qualquer coisa
Nua!
( Joice Berth )
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