Fugir – Hélio Soares Pereira
Fugir para dentro das ruas
é sentir-me só
distante da vida
sem palavra
sem eco
no exílio
Fugir para dentro de mim
é encontrar-me nos encontros
dos cantos e das fontes
entre as manhãs e as noites
Fugir para dentro das ruas
é esquecer-me nos dias inúteis
é tornar-me desfigurado
entre os figurantes
Fugir para dentro de mim
é libertar-me em gestos crescentes
de amor e memória
(Hélio Soares Pereira. In:Eclipse das Mentes. Gráfica Valci Editora. 1998. Brasília, DF)
*
Caminheiro da Procura
E o homem parte
à procura de si mesmo
num ponto de luz
criando imagens
– al di la dos sentidos
E passa imóvel
até se descongelar
na alma
e na lógica
de todos os reflexos
Olhos do corpo
Olhos da mente
Nessa oficina de ideias
a luz é um ponto de vista
que mistura as cores aos sabores
e ilusões
E o brilho da noite
ou o brilho do dia
depende da magia
que existe em nós
(Hélio Soares Pereira. In:Para que não reste o silêncio. Gráfica e Editora Bandeirante Ltda)
*
Os Rios
Os rios se destilam
em leitos macios e negros
agonizando-se
no sangue químico
que marginaliza
a vida
Seus gemidos
dolorosas rimas vermelhas
vomitam rosas negras
apodrecidas
E as finas mãos
que deveriam tecer vidas
fabricam mortes
(Hélio Soares Pereira. In: No Laço da Opressão. Gráfica Valci Editora. 1998. Brasília, DF)
Leia outros versos de visitantes