Réquiem – Gerci Oliveira Godoy
De repente, o silêncio
Não mais o marulho das pedras
O sopro dos ventos
Não mais o jogral dos pássaros
A sirene dos grilos
Tudo parou
De repente
Só os anjos cantaram
Ao olhar teu rosto
De cera
*
(Paródia: José – Carlos Drummond de Andrade)
Maria
Escuta Maria,
o ontem já foi
o colo que tinhas
pra outro foi dado
a luz embaçou
teu nome, nem lembram
o fastio é de tudo
porquê, em Maria,
o gosto de festa é já tão amargo?
E o chão onde pisas
te foge dos pés?
Escuta Maria,
cadê a utopia?
reforma do mundo
bandeiras içadas
cafés coletivos
cadeiras nas calçadas
tudo isto onde foi?
Tua febre de livros
teus versos sem rima
e até tua voz?
Teus dentes a mostra
o brilho no olhar
Maria, Maria, e agora
tu foges de quem?
*
Fio do tempo
Busco um verso esquecido
que queria o derradeiro
sem começo e sem final
feito memória guardada
será pó dos meus sapatos
pele de meus dedos
corda rompida de minha voz?
face incolor já vencida
neste resto de viver
*
meu poema é pele pulsante
se esvai
no suor quase em transe
me adentra
fera que devora sem doer
terra que germina
água que me transborda
na rasante das marés
respira em solavancos e
nele sou náufrago à deriva
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7 respostas
Lindo!!
Gerci, querida amiga!!! Parabéns pelas lindas poesias…Uma bela forma de se expressar, mostra a pessoa sensível que és. Beijo e sucesso sempre.
Oi Márcis bom saber que gostaste, é verdade escrevo com a alma nas mãos e me esforço sempre pra fazer o melhor
beijo
Gerci
Lindas poesias. Adorei, principalmente a Requiem… Está de parabéns pelo talento, minha querida amiga Gerci Oliveira Godoy
Obrigada Deivis, é sempre bom ouvir a palavra de pessoas inteligentes e sensíveis
abraço afetuoso
Gerci, adorei esses poemas, posso coloclos no livro do Celari também?
Claro que pode, ficarei feliz. obrigada
abraço